Leituras Literárias - Ensino Médio 1º semestre 2025
O Colégio Santo Ivo reconhece a importância da Literatura para o desenvolvimento e a formação humana.
A literatura convida à fruição, ao encantamento e à ampliação do repertório de experiências — afetivas, sociais e existenciais.
Nosso currículo literário é organizado com o propósito de que crianças e jovens, ao longo de sua trajetória escolar, transitem por uma diversidade de gêneros, autores e estilos. Com isso, buscamos não apenas o desenvolvimento de habilidades leitoras essenciais, mas também o cultivo de um vínculo sensível e crítico com a linguagem literária.
O saldo deste primeiro semestre é mais do que uma lista de livros - é mapa de navegação para a vida. Em cada história, nossos alunos encontraram perguntas que ecoam seus próprios dilemas, e respostas que talvez nem soubessem que procuravam. Porque, como bem aprenderam, um bom livro é sempre espelho e janela: reflete quem somos e mostra quem poderíamos ser.
📖 As Meninas – Fluxo de consciência e resistência
Na leitura de As Meninas, de **Lygia Fagundes Telles**, os alunos enfrentaram um novo desafio: acompanhar o enredo conduzido pelo **fluxo de consciência,** técnica que transforma a leitura em uma experiência emocional e sensorial. As vozes internas das personagens ecoaram com força, revelando seus medos, segredos e convicções.
Os temas debatidos foram marcantes: **Ditadura Militar, censura** e os limites entre vida pública e privada em tempos de repressão. Como trabalho final, os estudantes criaram uma playlist temática, fruto de uma pesquisa que envolveu **capas de discos censurados, relatos de tortura** e **músicas citadas na obra**.
📖 Terra Sonâmbula – Poesia, dor e memória
A leitura de Terra Sonâmbula, do moçambicano **Mia Couto**, foi uma verdadeira travessia literária. A obra nos encantou com sua mistura de **fantasia, épico e ficção**, em uma narrativa poética que exigiu atenção e provocou sentimentos intensos.
A linguagem singular de Mia — com **neologismos, palavras de origem africana** e **variações linguísticas** — foi objeto de estudos semanais, nos quais os alunos ampliaram seu vocabulário e sua percepção cultural. Para além do texto, os estudantes mergulharam na **história e cultura de Moçambique**, explorando temas como a **guerra anticolonial**, a **guerra civil**, a **música** e as **manifestações populares** do país.
📖 João Miguel e Caminhos de Pedras – Rachel de Queiroz em foco
Na sequência, nos aventuramos com João Miguel, uma obra densa e pouco conhecida de **Rachel de Queiroz**, inserida no contexto do **Romance de 30**. A linguagem marcada pelo **discurso indireto livre** e o uso de um **tempo psicológico** intenso exigiram atenção e sensibilidade dos leitores — o que se traduziu em um processo de leitura maduro e envolvente.
Como culminância, os alunos criaram **perfis das personagens** e produziram um **vídeo criativo sobre a obra**, que reuniu sensibilidade estética e compreensão crítica.
Paralelamente, a turma também leu *Caminhos de Pedras*, da mesma autora e período. A leitura das duas obras favoreceu debates comparativos sobre diferentes técnicas narrativas, além de abordar com profundidade temas como feminismo, socialismo e desigualdade social — elementos centrais na escrita de Rachel.
📖 Memórias de Martha – Realismo e Formação
Mergulhamos juntos na leitura de *Memórias de Martha*, uma obra marcante do Realismo que nos transporta ao final do século XIX por meio da trajetória de uma mulher forte e cheia de conflitos e dilemas. Mais do que simplesmente ler, vivenciamos a história em sala de aula com momentos de leitura compartilhada e trocas significativas entre os alunos e a professora. O ritmo foi tranquilo e o envolvimento e o despertar do gosto pela leitura compensaram cada página.
Para aprofundar a compreensão da obra, os alunos realizaram uma **pesquisa iconográfica**, buscando imagens relacionadas a termos desconhecidos ou típicos da época retratada. Isso permitiu uma melhor contextualização visual da narrativa. As discussões em sala giraram em torno das **características do Realismo, feminismo, pobreza** e a condição da mulher naquele período histórico.
Leituras Literárias do 2º semestre 2025
No segundo semestre de 2025, as turmas da disciplina Prosa iniciaram o percurso literário com Balada de Amor ao Vento, de Paulina Chiziane, primeiro romance publicado por uma mulher em Moçambique. A leitura, realizada de forma compartilhada, permitiu refletir sobre a representação da mulher africana, as tensões entre tradição e modernidade e as estruturas comunitárias que atravessam a narrativa. As discussões em sala enfatizaram a poligamia, os rituais e a presença do mito, temas que provocaram intenso debate sobre identidade, espiritualidade e resistência feminina.
Como registro, os estudantes produziram folhetos explicativos que ratificaram a compreensão da obra.
Na sequência, os estudantes leram Canção para ninar menino grande, de Conceição Evaristo, obra marcada pelo lirismo, pela densidade afetiva e pelo conceito de “escrevivência”. O texto abriu espaço para debates sobre memória coletiva, ancestralidade, violência simbólica e a construção da subjetividade negra. A leitura compartilhada possibilitou interpretações coletivas sensíveis, especialmente sobre o modo como a narrativa articula silêncio, dor e força. Como atividade complementar, através de roda de conversa, os estudantes compararam a obra de Conceição Evaristo com a de Paulina Chiziane.
Encerrando o ciclo do semestre, as turmas de Prosa leram Nebulosas, de Narcisa Amália, obra que se destaca pelo hibridismo entre poesia e prosa e pelo olhar pioneiro da autora na imprensa da época. As discussões envolvem o lugar da mulher na literatura do século XIX, o tom combativo da autora e sua escrita marcada por crítica social e sensibilidade política. Os estudantes analisaram trechos jornalísticos da autora em comparação com sua voz literária e o contexto histórico da produção feminina no século XIX.
Para as turmas da 1ª série, o semestre iniciou com Torto Arado, de Itamar Vieira Junior, romance contemporâneo que aborda comunidades rurais, relações de trabalho, herança da escravidão e espiritualidade. A leitura gerou debates significativos sobre violência estrutural, misticismo, relações familiares e a força das narradoras. A análise do discurso narrativo – especialmente o uso de vozes múltiplas e a revelação gradual dos traumas – foi central nas aulas. Os estudantes fizeram roteiros de leitura semanal para discutir esses temas.
A segunda leitura foi A Visão das Plantas, de Djaimilia Pereira de Almeida. A obra, com forte componente alegórico e poético, possibilitou conversas sobre velhice, culpa, fantasmagoria e a construção de uma narrativa que mistura memória, paisagem e metamorfose. A linguagem altamente simbólica exigiu leitura atenta e releitura de trechos, conduzindo a turma a reflexões sobre tempo, remorso e a dimensão ética da narrativa. Como atividade, foram produzidas paisagens inspiradas nas descrições sensoriais do livro ora líricas, ora atrozes.
E para fechar o semestre, os estudantes leram Prosas seguidas de odes mínimas, de Djaimilia Pereira de Almeida. A coletânea permite abordagens múltiplas, combinando textos breves, fragmentários e de forte musicalidade. As discussões foram focadas na relação entre prosa poética, concisão e intensidade emocional. Os alunos produziram vídeo poemas que exploram ritmo, imagens e economia verbal para compreender a proposta estética da autora.
CONFIRA TAMBÉM:
Leituras Literárias | Educação Infantil
Leituras Literárias | 1º ao 5º Ano
Leituras Literárias | 6º ao 9º Ano
